A Ba e eu


O negócio começou assim:
- Olhem à volta e observem... soltamos as mãos e nos viramos.

Árvores, pássaros, criançada ao longe, piquenique e risadas mais a frente.

- Presença... Tenham presença no ato de observar, no caminhar, no respirar...

Caminhei em direção a uma árvore que me chamou a atenção... era de um verde escuro, quase musgo... parecia bem grande. Pés descalços, fui sentido o caminho até ela... pedrinhas, sementes, cascas da semente, cor marrom, cor bege, areia fina. Ai! Um pedregulho... Olhei para a copa e vi para minha supresa, que não era uma, mas duas árvores! Uma mais antiga e outra mais nova, galhos e copas se misturando dando a impressão de ser gigante.

Que engraçado, me dei conta da falta de atenção ou melhor da falta de presença. Um pensamento passou correndo e percebi que havia me deslocado até a praça de forma automata...

Retomei a árvore. Resolvi dar uma volta na base do seu tronco e descobri entre pedregulhos e terra, uma não, duas amoras! Ué, olhei para árvore, você não parece ser uma amoreira... se fosse, o chão estaria repleto de amoras...
- Onde você está? Perguntei com certa desconfiança...

Como um Sherlock, resolvi seguir a pista e é claro, ela estava lá! Em sua forma, flores e frutos. Potente, cheia de amoras! Hummmm, nossa! Me lembrei da infância... eu e o pé de amora... O saudosismo me fez rodopiá-la e... poxa, não alcançava nenhuma!

Outro pensamento veio a galope! Era uma brincadeira!
- Ah! Eu sou a raposa e você, a uva!

Olhei para árvore com certa indignação!
- Só uma!

Ploft!
- Ah não! Essa daí está vermelha... gosto das madurinhas, são mais doces...

O vento balançou o galho fino... e saborei uma pequena amora... madurinha... doce como mel...

E a Bá estava lá... no canto a nos observar, olhos límpidos, daqueles brilhantes que transpassam a nossa alma.

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