Eu mestre


Abri os olhos, senti o descanso profundo em meu corpo, a mente estava calma e não vagava fortuitamente. Foi quando ouvi:
- Todos conseguiram chegar até a escada e descer para o jardim?

Ops! O relaxamento profundo não tinha me dado esta opção... escada? jardim?

A moça de fala firme e suave que havia conduzido a sessão de yoganidra relatava a sequência resumida da trajetória que de alguma forma eu deveria ter cumprido.

- Nossa eu realmente não ouvi nada disso! Deitei e me desconectei...
Me senti uma presa fácil para os mestres de hipnose, uma mente desconexa, de fácil manipulação...

No mês seguinte lá estava eu, novamente deitada, ouvindo e...
- Escada? Que escada? Que jardim?

E assim foi, mês após mês, a cada encontro, até sentir um pouco mais do estado da presença...
- Agora você chegou até a escada, desça até o jardim (dei um sorriso maroto, finalmente!) e...

Opa! Opa! Opa!

Quando me levantei, veio uma leve frustração... estava tão feliz que havia conseguido chegar até a escada que me perdi na comemoração e lá se foi a minha mente arredia, afoita para se decompor nos pensamentos aleatórios!

E de novo, deitada, ouvindo a voz... escada, jardim, caminhe até o seu mestre (yes! então era isso!) e faça a pergunta para... (fazer a pergunta? Nooossa que pergunta?!!!) não tinha me preparado...

E a mente, a galope, fugiu novamente... eita!

Não gosto de ser desafiada! E a minha mente entrou entrou nesta seara...  senti o elemento fogo ser ativado. Me preparei para a próxima sessão com a certeza de que conseguiria fazer a tal pergunta.

Me deitei, recebi o meu lenço com o aroma escolhido e... sim, a pergunta deveria ser feita para o meu mestre, alguém que eu escolhesse, alguém que poderia ser... eu mesma!

A sessão terminou, o meu corpo estava relaxado e a minha mente estava ali... presente, conectada... eu e ela, atenção plena... com o meu próprio eu.

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