A fada magrinha


Ela é toda serelepe, pula, sobe na cabeça, é exigente na atenção da sua fala! Quando degringola a contar estórias, balança suas perninhas de grilo que de galho em galho, vão ficando cada vez mais ágeis.

A habilidade das mãos é certamente a mais visível, outro dia desenhou um macaco, pude reconhecê-lo em todas as suas formas, estava sentado.

Quando fez três anos, escolheu a fada artesã para representá-la. Eu toda contente, fiz uma surpresa, comprando a fantasia completa. Quis vesti-la de pronto. Não contive o sorriso quando ao colocar o par de asas ela me olhou com certa decepção e disse: "Mamãe, não cunciona!".

Quis alertá-la dos perigos de asas que funcionam... que poderiam levá-la a lugares tão distantes que meus braços não a alcançariam! Mas isso é só o anseio de vê-la crescendo, tomar forma, tornando-se mais confiante!

Quando paro o carro, ela rapidamente se senta em meu colo e põe-se a fantasiar com as mãozinhas no volante! Diz que quando aprender a dirigir, irá a muitos lugares! Tem o desejo da aventura, os medos existem, mas são superados a cada esquina. Na liberdade pungente ainda consigo contê-la no meu abraço.

O riso nos permeia, no corre-corre, no pula-pula e nas brincadeiras incessantes com o pai herói. A gargalhada soa como um sino que ecoa exausto no badalar do fim do dia.

Ela se diz muito feliz, expressa o verbete na quantidade de primos, na família que é "muiiiito" grande e nos avós, sorridentes na sua presença. Outro dia, me confidenciou em segredo: "Mamãe, tenho duas vovós e um vovô!", baixou o tom de voz e arregalou os olhos: "E as duas co-zi-nham!".

Ah sim! Tinha esquecido de contar a ela, a magia de fada não é gratuita não, vem de uma linhagem de bruxas, as avós que fazem saltar das suas panelas, bolinhos e pedidos dos mais variados. Demonstrara sua atenção, quando no jogo de chá quisera ficar presente durante a conversa fortuita, sentada em cima da almofada para dar altura.

Dizem que quando fadas e bruxas se encontram, os grãos margeiam a energia da troca. A varinha ganha força e poder, e novos caminhos se abrem para o passo da próxima vida. E quando se é mãe, temo que possa ser um privilégio acreditar no encantamento de criaturas mágicas, que permeiam o curto espaço tempo de uma criança fada, a nossa fada magrinha.

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